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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sem fundos - um conto de Denis Cruz

Era noite de sexta-feira e Haroldo estava recostado na poltrona da escrivaninha. Pensativo, roia o tampo da caneta de madeira, feita por seu pai. Poderia ir para a cama, mas o sono, certamente, não o alcançaria. Foi assim a semana inteira. Tinha feito um pacto com Deus e, naquele mês que já findava, tudo indicava que não iria conseguir cumprir sua parte.

Havia alguns meses, como jovem empreendedor que é, iniciou um novo negócio. Tão logo cogitou a ideia, seu primeiro pensamento foi elevado a Deus: "Abençoa-me, Senhor. Continuarei sendo fiel no dízimo e quero fazer um pacto contigo. Devolverei mais cinco por cento sobre o faturamento."

Deus foi fiel. Os negócios, desde seu início, estavam indo muito bem. Claro, havia as dificuldades de qualquer empreendimento, mas, em diversas situações, Haroldo sentiu a mão de Deus guiá-lo em decisões importantes.

O dízimo e o pacto eram devolvidos com alegria, com sensação de "dever cumprido" e, principalmente, com gratidão.

Foi assim até esse último mês. A empresa teve despesas maiores e os pagamentos quase não conseguiram cobri-las. Crente de que até o fim do mês tudo seria resolvido, Haroldo pagou as dívidas primeiro, não separando os valores do dízimo e do pacto.

Nada se resolveu. Há uma semana, mesmo com todas as dívidas pagas, Haroldo não conseguia dormir tranquilo. No dia seguinte, haveria culto e ele não tinha dinheiro para devolver o pacto.

Puxou a cadeira para perto da mesa e abriu o talão de cheques. Nele preencheu o valor exato de seu débito de fidelidade com Deus.

"Um cheque sem fundos", pensou e sorriu sozinho. "Vou devolver meu dízimo com um cheque sem fundos."

Destacou o cheque e o colocou no envelope da tesouraria da igreja. Restava saber como iria cobrir aquele cheque até segunda-feira. Mas não iria pensar naquilo agora, pois era sábado e, de repente, uma paz havia tomado conta de seu coração. Mesmo com um cheque sem fundos - que foi guardado dentro da Bíblia - sentia como se seu débito estivesse quitado.

Dormiu um sono tranquilo e, no dia seguinte, o envelope com o dízimo e o pacto foi para a salva da igreja. Não houve receios, nem arrependimento, apenas conforto e uma voz sussurrante em sua consciência "Você cumpriu sua parte. Foi fiel."

Após o pôr do sol daquele sábado, Haroldo contou à esposa:

- Devolvi meu pacto hoje.

- Que bom - disse Daniela e sentou-se ao lado do marido. - Você não me falou que haviam feito pagamento para você essa semana.

- E não fizeram. Entreguei um cheque sem fundos na salva.

- E como você vai cobrir o cheque? - perguntou ela, com voz serena.

- Segunda, na primeira hora, estarei no banco. Vou pedir um empréstimo.

- E você está com crédito no banco?

- Não, mas Deus sempre dá algum crédito para nós, não dá?

Daniela concordou acenando com a cabeça. Não importava como seria no primeiro dia útil, Haroldo estava em paz naqueles dias. Dormiu tranquilo novamente, ficou com os filhos, praticou seu esporte preferido.

Na segunda-feira, Haroldo chegou cedo ao banco. Conversaria com seu gerente e não tinha dúvidas: conseguiria o valor para que aquele cheque não voltasse.

No autoatendimento, retirou um extrato da conta e, apressado, entrou no banco, sentando-se à espera. Para passar o tempo, olhou o papel. Havia um número que não esperava ver no saldo. Tinha dinheiro mais que suficiente para cobrir o cheque.

Surpreso, Haroldo correu o dedo nas diversas entradas e saídas do extrato, procurando onde estava o depósito salvador. Encontrou e sorriu. Uma empresa havia adiantado quinze dias o pagamento de um contrato.

- Sr. Haroldo - Chamou o gerente e o jovem levantou-se; com cara de bobo olhava para o extrato e para o bancário. - Posso ajudar?

- Acho que... Quero dizer... Bem... Hoje não. Tenha um bom dia - estendeu a mão e cumprimentou vigorosamente o gerente, dando-lhe três tapinhas no ombro.

Saiu para o dia radiante. Deus lhe havia feito um adiantamento. Lembrou-se que, nas próximas vezes, deveria fazer o mesmo com seu dízimo e pacto.

..................

Nota do autor: Embora eu escreva contos ficcionais, esta história foi inspirada em um amigo, de nome Haroldo Jr., empresário no Estado de São Paulo. Ele, de fato, tinha um pacto com Deus e deu um cheque sem fundos para devolver o dízimo e cumprir o pacto. O Haroldo me contou que estava muito preocupado em não estar sendo fiel naquele mês, mas que, ao provar sua fé, ficou incrivelmente maravilhado com o resultado da providência divina, adiantando um pagamento que só ocorreria depois de alguns dias. Vale a pena confiar!


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