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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Porta Fechada - um conto de Denis Cruz

- Vamos fazer o culto aqui fora - sorriu o Sr. Nivaldo e uma expressão feliz marcou todas as rugas e seu rosto.


Parados em frente à porta da igreja, um ou dois sorriram, mas a maioria ficou com expressão consternada.

- O diácono já devia ter chegado - disse um jovem chamado Júnior.

- Ninguém mais tem a chave? - perguntou a Sra. Judite. - Eu não trouxe a minha.

Aos poucos, mais pessoas iam chegando, juntando-se ao grupo cada vez maior em frente à entrada do templo.

- Já são quase nove horas - resmungou Júnior; - é um absurdo esquecerem-se de abrir a porta.

- No fechamento da porta da graça será assim - disse Valéria, uma mulher que sempre achava uma brecha para falar sobre doutrinas. - Depois que fechar, ninguém mais entra.

Uns riram, outros ficaram sérios. Não sabiam se ela estava brincando ou se realmente estava ensinando. Quando eram nove horas, havia um bom número de pessoas em frente à igreja, entre elas a diretora da Escola Sabatina, com um monte de papéis sob o braço, batendo impaciente o solado do sapato.

Nove horas e um minuto e um casal intolerante quanto ao horário foi embora com suas Bíblias, hinários e lições debaixo do braço. Levaram consigo mais outros três irmãos.

- Nove e cinco - disse o ancião, com cara ranzinza. - Temos que lembrar de tratar sobre esse assunto na comissão da igreja. Quem está com a chave deve ter mais responsabilidade na hora de chegar.

- Lembro-me de quando não tínhamos igreja - disse o Sr. Nivaldo e apontou para uma árvore de tronco forte à direita do prédio da igreja. - Fazíamos o culto ali, diante da criação de Deus.

O Sr. Nivaldo foi até a árvore, abriu o hinário e entoou um cântico. Um grupo de irmãos o seguiu e cantaram juntos.

Nove horas e dez minutos e o carro branco do diácono estacionou na frente da igreja. De dentro dele saiu o homem de semblante impassível, sereno, com a maior parte da expressão escondida debaixo da farta barba grisalha. Todos fizeram silêncio enquanto ele caminhava calmamente por entre os irmãos, em direção à porta. Um ou outro deu um sorrizinho simpático ou um "feliz sábado" tímido enquanto ele passava.

- Precisei vir mais cedo à igreja hoje - disse ele e encostou a mão no trinco da porta. - Como voltei para casa pouco antes das nove horas, deixei a porta destrancada, apenas encostada. - Dizendo isso, empurrou a barreira e a viu deslizando suavemente pelos trilhos - Ninguém verificou se a porta estava realmente trancada?

Todos, surpresos, viram a porta se abrindo. De fato, ninguém tinha tentado abrir a entrada da igreja.

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